Projeto Bem Diverso fortalece suas ações no TC Alto Rio Pardo (MG)

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Entre os dias 13 a 15 de março de 2017, o Projeto Bem Diverso, parceria entre Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), apoiou a realização de dois eventos que contribuíram para fortalecer suas ações no Território da Cidadania (TC) Alto Rio Pardo, localizado em Minas Gerais (MG).

O primeiro deles foi a reunião do Comitê Local do Projeto Bem Diverso no TC Alto Rio Pardo que aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em Rio Pardo de Minas (MG), no dia 13 de março de 2017. O Comitê é formado representantes dos agricultores e extrativistas, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Escola Família Agrícola (EFA) Nova Esperança, Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais, cooperativas e órgãos públicos. Durante a reunião os membros do Comitê fizeram uma avaliação das atividades realizadas pelo Bem Diverso até agora, e debateram o plano de trabalho com o cronograma para as próximas atividades a serem realizadas.

Seminário "Articulação da Bacia do Rio Pardo: Construindo Sintonia da Nascente à Foz"

O segundo evento foi o Seminário “Articulação da Bacia do Rio Pardo: Construindo Sintonia da Nascente à Foz”, que se deu nos 14 e 15 de março de 2017, na comunidade Pau d’Arco, em Montezuma (MG). Foi organizado pela Articulação da Bacia do Rio Pardo e teve o intuito de fortalecer iniciativas locais de proteção do rio e, ações que estão sendo realizadas para minimizar esses impactos, dentre elas, as atividades do Projeto Bem Diverso. Participaram representantes de Povos Tradicionais que vivem na região da bacia do Rio Pardo em Minas e na Bahia; movimentos sociais; representantes de sindicatos de trabalhadores rurais, organização da sociedade civil; movimentos sociais; Emater e secretarias municipais. Além do CAA-NM e do Bem Diverso, o evento também contou com a parceria do Centro de Estudos e Ação Social (Ceas) do Estado da Bahia.

Montezuma abriga as principais nascente do Rio Pardo que corre em direção à Canavieiras, na Bahia, onde deságua no Oceano Atlântico. Em quase toda sua extensão, o rio corta uma região que enfrenta muitos desafios dentre eles o baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). No lado mineiro vivem os geraizeiros, população tradicional que vem sofrendo com a escassez da água, por meio de longos períodos de seca cada vez mais frequentes. Também lidam com pressões da agricultura e pecuária extensiva, além de cultivo de eucalipto praticado por grandes fazendas e empresas. Essas atividades não-sustentáveis acabam contaminando as reservas de água da região prejudicando essa população que sempre lutou pela preservação do rio. Todas essas questões demonstraram a importância da participação do Projeto Bem Diverso no evento, pois as ações de extrativismo sustentável planejadas para a região precisam estar em sintonia com a questão da água.

O assessor técnico do Projeto Bem Diverso, Fernando Moretti, esteve presente no evento e apontou algumas das ações planejadas que rescindem diretamente na bacia. “Estamos reativando na Comunidade Água Boa, o viveiro com espécies nativas, cujas atividades envolve jovens e mulheres. Faremos um trabalho integrado de recuperação das nascentes; além de capacitações com os agroextrativistas do Território e estudantes da EFA Nova Esperança”, pontuou Moretti.

Um dos pontos altos do seminário foi a caminhada que todos fizeram até uma das nascentes do Rio Pardo. No local foi realizado plantio de mudas de espécies nativas, produzidas no viveiro apoiado pelo Bem Diverso. Na ocasião, todos verificaram in loco a situação da nascente e ouviram as histórias de luta e resiliência dos geraizeiros para manter o Rio Pardo vivo.

Segundo João Chiles, geraizeiro da comunidade Pau d’Arco e um dos organizadores do evento, os saberes tradicionais ensinaram as populações de geração em geração a como utilizar os recursos do rio para plantar e colher nas épocas certas, a fazer o manejo do solo e das espécies de modo sustentável. Porém, com os impactos ambientais e com as mudanças climáticas esses saberes tradicionais também são afetados. “A seca vem aumentando a cada ano e com isso o impacto direto na vida do geraizeiro, que além do recurso limitado de consumo da água, vê sua agricultura tradicional e o extrativismo extremamente afetados”, relatou.

Para construir uma estratégia eficiente de proteção, o seminário apontou as seguintes ações a serem planejadas e implementadas: promoção da educação ambiental; cercamento de nascentes; intercâmbios entre comunidades que protegem o rio; construção de bacias de contenção e garantia de gestão dos territórios tradicionais instituídos e em processo de luta. O seminário concluiu ainda que é preciso manter a articulação forte e unida entre comunidades e parceiros institucionais que lutam em prol de um rio mais protegido, pois, de acordo com as palavras dos participantes, esse rio é “o fio de água que nos une”.

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