O bioma cobre 70% do Nordeste brasileiro e abriga uma rica biodiversidade de frutos e fauna a ser conservada
Mais de 400 pessoas, entre estudantes, representantes de ONGs e membros das comunidades científica e acadêmica se reuniram na 2ª edição do Simpósio do Bioma Caatinga (Sibic), realizado de 30 de Julho e 3 de Agosto, em Juazeiro (BA), para trocar conhecimentos e discutir o uso adequado dos recursos naturais desse bioma. A intenção é minimizar e reverter a degradação aproveitando todo o potencial da Caatinga.
"Destacamos os desafios para se manter áreas de Caatinga em pé, ou reflorestar, comparado com situações de outros biomas que também são focos do Projeto Bem Diverso. Há bastante adesão do público com a ideia de poder preservar a Caatinga e seus produtos que estão no mercado", disse o pesquisador da Embrapa, Saulo Aidar, que mediou uma mesa redonda no Simpósio sobre a conservação por meio do uso sustentável do bioma.
Atualmente, a Caatinga é considerada como um dos três biomas brasileiros mais degradados e ainda não figura nos cenários nacional e internacional de prioridades de conservação. As consequências de um modelo de exploração predatória são observados, principalmente, nos recursos naturais renováveis. A aceleração do processo de erosão e declínio da fertilidade do solo e da qualidade da água pela sedimentação são exemplos. Perdas irrecuperáveis na diversidade da fauna e da flora também são observadas.
A maior parte do Semiárido brasileiro é ocupado pela vegetação xerófila da Caatinga. O bioma ainda cobre 11% do território nacional e 70% do Nordeste e abriga 60% da população nordestina. Além de extremamente importante do ponto de vista biológico, suas espécies apresentam características morfofisiológicas adaptadas ao estresse hídrico e às altas temperaturas, tornando-as uma opção para o desenvolvimento da região.
Promovido pela Embrapa Semiárido, o Sibic promoveu mesas redondas com temáticas da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas, recursos hídricos, serviços ambientais, desenvolvimento territorial e experiências em outras regiões semiáridas. Também compuseram a programação workshops sobre produção de sementes e mudas da Caatinga, economia circular, tecnologias para o Semiárido, micro-organismos da Caatinga, convivência do homem com a fauna e fomento a ações no bioma.
“Com muita propriedade os temas foram apresentados pelos produtores, professores, estudantes ou por integrantes da sociedade civil, mostrando que há uma sensibilização dessas pessoas para as questões da nossa Caatinga, e que essa não é só uma preocupação das instituições em diferentes níveis, mas também da sociedade civil como um todo”, avaliou a organizadora do Sibic, a pesquisadora da Embrapa Semiárido Lúcia Kiill.
O Projeto Bem Diverso atua no bioma em ações de conservação da biodiversidade por meio do manejo sustentável, de modo a assegurar os modos de vida das comunidades tradicionais e agricultores familiares, gerando renda e melhorando a qualidade de vida. Em parceria com instituições locais, o Bem Diverso esta presente nos Territórios da Cidadania do Alto Rio Pardo, em minas Gerais; no de Sertão de São Francisco, na Bahia; e no de Sobral, no Ceará.
Na Caatinga, a rica biodiversidade permite às famílias o extrativismo de frutos nativos como o babaçu para a produção de óleo, utilizado principalmente na culinária e na indústria de cosméticos. Outro destaque da biodiversidade local é o maracujá da Caatinga. Bastante resistente a períodos de seca, o fruto possui casca esverdeada, mesmo quando maduro, e a polpa é branca, com muitas sementes. Sua acidez é mais acentuada do que o maracujá amarelo, com perfume e sabor intenso. É altamente nutritivo, contendo potássio, ferro, fósforo, cálcio e várias vitaminas.
Agência MOC, com informações Embrapa Semiárido