Comunicadores populares de Minas Gerais ensinam a indígenas como usar mídias sociais e outras tecnologias
Dois moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes Geraizeiras, no Território da Cidadania Alto do Rio Pardo (MG) ministraram oficinas de Comunicação Comunitária, na Terra Indígena Puyanawa, em Mâncio Lima, no Acre.
Durante dois dias, os jovens das aldeias Barão e Ipiranga, que compõem as Terras Indígenas, participaram das oficinas lideradas Valdir Dias e Edianilha Ribas, Jovens Comunicadores Geraizeiros de Minas Gerais.
Os comunicadores populares apresentaram novos usos em mídias sociais e como as ferramentas podem ser utilizadas para a transmissão da cultura e dos costumes alimentares e cotidianos das duas comunidades, além da utilização de celulares e câmeras para registros de festividades tradicionais daquele povo.
O Jovem Comunicadore e Monitor de Pesquisa do Bem Diverso Valdir Silva relata que a atividade ativa o protagonismo popular.
"O objetivo é de que os jovens possam assumir papeis para os registros das ações que acontecem o tempo todo na aldeia, como por exemplo, um festival que irá acontecer no mês seguinte na aldeia", afirma.
Os indígenas ainda participaram de uma oficina sobre segurança alimentar. A mandioca, base da alimentação local, serviu de base para os pratos elaborados na atividade de culinária e uma nutricionista apresentou técnicas de melhor aproveitamento da raiz e dos frutos da floresta em que vivem.
Durante a ação, os temas abordados nas oficinas de Comunicação Comunitária foram colocados em prática.
"Um grupo de jovens, após a oficina, já teve a oportunidade de colocar suas aprendizagens em prática, fazendo a cobertura com fotos, vídeos e produção de texto numa oficina de culinária que aconteceu seguida da oficina de comunicação popular", relata Valdir Silva.
Ao final das atividades, foram apresentados os resultados de uma pesquisa, realizada por profissionais do Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Acre, entre novembro de 2017 e dezembro de 2018, sobre a presença e uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na Terra Indígena.
O Bem Diverso
Os comunicadores populares envolvidos na atividade vêm do TC Alto Rio Pardo, onde atua o Projeto Bem Diverso. Eles estão baseados nos cerca de 38.177 hectares dos municípios de Montezuma, Rio Pardo de Minas e Vargem Grande do Rio Pardo, que compõem a RDS. A área começou a ser delimitada em 2017 de forma a favorecer a proteção e a conservação dos recursos naturais utilizados por mais de 20 comunidades tradicionais que praticam o extrativismo sustentável para segurança alimentar e geração de renda.
O Bem Diverso é uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), executado com o apoio de organizações do governo e da sociedade civil com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa abrange ações em outros cinco Territórios e é liderada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O principal objetivo é conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.