Comunidades tradicionais são as guardiãs da biodiversidade do Cerrado

Os Geraizeiros fazem parte desse grupo e  defendem as boas práticas extrativistas para o seu desenvolvimento econômico e, principalmente, para a manutenção da qualidade de seus modos de vida

Com mais de 50% do seu território original devastado, o Cerrado e suas comunidades lutam para a preservação da biodiversidade, considerada a savana mais rica em espécies do mundo. Os povos tradicionais que habitam os 11 estados brasileiros cobertos pelo Cerrado (24% do território nacional) são os verdadeiros conhecedores e guardiões do patrimônio ecológico e cultural da região.

Na semana em que se comemora o Dia do Cerrado (11 de setembro), o geraizeiro Moisés Dias de Oliveira da comunidade do Sobrado, em Alto Rio Pardo (MG), contou, em entrevista ao programa de rádio Prosa Rural, como as boas práticas extrativistas realizadas por pequenos agricultores e quilombolas ajudam a preservar a biodiversidade do Cerrado, respeitando a flora e a fauna.

As comunidades tradicionais buscam manter não apenas sua fonte de renda, mas também a qualidade de seus modos de vida. São mais de 80 etnias indígenas presentes no bioma, além dos quilombolas, trabalhadoras e trabalhadores extrativistas, geraizeiros, vazanteiros, quebradeiras de coco, ribeirinhos, pescadores artesanais, barranqueiros, fundo e fecho de pasto, sertanejos, ciganos, entre tantos outros.

Esses povos e comunidades de cultura ancestral vivem, principalmente, do extrativismo, do artesanato e da agricultura familiar. Seus modos de vida são importantes aliados na conservação dos ecossistemas, pois formam paisagens produtivas que proporcionam a continuidade dos serviços ambientais prestados pelo Cerrado, como a manutenção da biodiversidade, dos ciclos hidrológicos e dos estoques de carbono

Saiba mais sobre os Geraizeiros

Os Geraizeiros habitam os chamados “Gerais”, região de chapadas do Cerrado norte-mineiro que cobre boa parte do Território Alto Rio Pardo. Este grupo tem forte ligação com a terra, manejando-a há séculos no extrativismo de produtos do Cerrado e na criação à solta de animais nas terras comunais das chapadas e suas encostas e no estabelecimento de roças, quintais e currais nas áreas de baixadas onde constroem suas moradas.

Essas populações são caracterizadas pela estreita relação de parentesco e colaboração mútua entre seus povoados realizando trocas de plantas e de conhecimentos associados à natureza e a vida geraizeira. Estes ainda mantêm relações históricas de comércio e trocas com os Catingueiros, localizados na baixada São Franciscana, e com as comunidades tradicionais do vale do Jequitinhonha.

Lara Aliano, Agência MOC

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