Cadeia da castanha-do-brasil foi tema de encontro em Brasília

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Discutir ações conjuntas para promover ainda mais o negócio da castanha foi o objetivo do encontro “Coletivos de produtores de Castanha-do-Brasil”, promovido pelo Bem Diverso, que aconteceu nos dias 04 a 06 de novembro, na sede do ICMBio, em Brasília.

O evento foi conduzido pela pesquisadora Lúcia Wadt, da Embrapa, e a engenheira florestal e consultora Juliana Maroccolo, que receberam os maiores parceiros incentivadores das comunidades extrativistas produtoras atualmente: US Forest Service, GIZ – Cooperação alemã, IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil), Instituto Ipê, Fundação Vitória Amazônica, Pacto das Águas, Imaflora Brasil, Instituto Socioambiental, Funatura e ICMbio.

“Fizemos um levantamento e entendemos como está a cadeia produtiva em cada estado, conhecemos as especificidades de cada uma e enxergamos os gargalos. Ainda é uma cadeia bastante dispersa, mas podemos melhorar: o Brasil poderia produzir 450 mil toneladas por ano e arrecadar cerca de R$ 1 trilhão com o fruto”, revela Lúcia, que pesquisa a castanha há quase 20 anos.

Segundo levantamento apresentado no próprio evento, o mercado mundial da castanha movimenta em torno de US$430 milhões, cerca de R$ 1,7 bilhão. A produção brasileira está em torno de 35 mil toneladas anuais.

Esse encontro divulga o nosso trabalho e o impacto que ele gera ao meio ambiente, já que, com o extrativismo da castanha, mantemos a floresta em pé e geramos renda a cerca de 400 famílias extrativistas e 65 trabalhadores diretos", conta Sandra Amud, gestora da RECABAAM, Rede de Cooperativas e Associações de Beneficiamento Agroextrativista do Amazonas, também presente no encontro. 

Sandra é o elo que entre os povos da floresta, os incentivadores da cadeira e os grandes compradores, como a gigante Natura, por exemplo.

Coletivo da Castanha: tecnologia em benefício da floresta

Há dois anos o Bem Diverso e os parceiros criaram uma iniciativa bastante simples, atual e inovadora para unir cerca de 30 lideranças que representam associações, cooperativas e instituições – entre extrativistas, pesquisadores e intermediadores da castanha-do-brasil – em um só lugar: o whatsapp. Desde então, manejo, beneficiamento e preço do produto vêm sendo discutido democraticamente entre todos, a fim de valorizar a cadeia de um modo geral.

“Essa troca tem sido um exercício importante, já que centralizamos e compartilhamos desafios entre todos. Agora estamos pontuando, junto aos apoiadores, quais os próximos passos a serem dados até o projeto acabar. Mas seu legado vai perpetuar, já que o elo e um intercâmbio inestimável foi estabelecido junto aos atores de um produto que representa o Brasil no mundo todo”, explica a consultora Juliana Maroccolo.

Desde sua criação, o Bem Diverso vem incentivando a cadeia da castanha-do-brasil através de capacitações feitas em campo, especialmente no Território do Alto Acre e Capixaba, em oficinas de beneficiamento nas agroindústrias locais, mudando significativamente a qualidade e as vendas do produto no Brasil e no mundo.

“A castanha-do-brasil é uma das espécies prioritárias do Bem Diverso e sua cadeia é muito importante pra economia do bioma amazônico, e estamos trabalhando com o manejo e fortalecimento da cadeia, que é a maneira de melhorar as condições dos extrativistas e de conservar a biodiversidade. Esse encontro é importante por juntar extrativistas, produtores e organizações que trabalham nisso. Esperamos que possamos avançar nessas parcerias para o próximo ano”, conta Fernando Moretti, assessor técnico do projeto Bem Diverso.

Outra iniciativa tecnológica bastante inovadora que está mudando a forma com que muitos produtores geram renda em municípios longínquos no norte do País é o Semear Castanha, criado pelo parceiro IEB: um conjunto de materiais que facilitam o entendimento do extrator para melhor calcular o preço de sua produção, avaliando desde a coleta, até a venda.

“O aplicativo que desenvolvemos, chamado Castanhadora, é bastante simples e pode ser baixado via bluetooth, não precisa de internet”, conta André Tomasi, do IEB. “Através da ferramenta, o extrativista pode fazer o levantamento de custos de sua produção, levando em conta gastos como gasolina, estiagem ou um veículo quebrado, por exemplo, para saber a quanto deve vender sua safra, assim, obter lucro”, explica Tomasi.

O Bem Diverso é um projeto fruto da parceria entre a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF).

 

 

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