Nesta quarta-feira (09), o Projeto Embrapa Bem Diverso ocupou mais um espaço na maior feira da agricultura familiar do país, a 11ª Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária, para realizar a “Mostra do Projeto Bem Diverso – Diálogos Agroecológicos no Semiárido”. O evento expôs o trabalho que vem sendo realizado.
O diretor de Apoio e Fomento à Produção Superintendência da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Governo da Bahia, Welliton Rezende Hassegawa, abriu o evento anunciando o Bem Diverso como um Projeto que dialoga com temas do evento e que por isso, era acolhido por ele, pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e pelo Governo da Bahia como muito importante para ser apresentado à agricultura familiar do estado e a todas as suas redes e organizações econômicas.
“É uma tarde de ricas ações e experiências exitosas de convivência com o bioma caatinga. Com esta Mostra, passamos a enxergar casos exitosos de ações e políticas públicas articuladas por um Projeto que traz uma metodologia, estratégia e arranjo institucional com alta capacidade e efetividade de viabilizar vidas e sustentabilidade na agricultura familiar do semiárido”, afirmou Welliton Rezende Hassegawa.
Em seguida, o assessor técnico do Bem Diverso, Fernando Moretti, conduziu as apresentações das experiências do Projeto que trataram sobre manejo e conservação da Caatinga e a agroindustrialização e comercialização de produtos da sociobiodiversidade.
O coordenador técnico do Bem Diverso e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Anderson Sevilha, dividiu com os espectadores uma apresentação sobre as ações desenvolvidas no âmbito do Projeto e todos os seus eixos de ação.
Anderson explicou que o trabalho não consiste de uma única atividade. Ele é composto de um conjunto de ações que vão desde o trabalho dentro das unidades de produção propriamente ditas até o extrativismo, e para isso os parceiros do Projeto precisam entender de conservação, de manejo, de restauração, de processamento e de comercialização de produtos, além de saber sobre acesso ao crédito e à políticas públicas.
Segundo ele, o trabalho do Bem Diverso está relacionado a ajudá-los a dominar todos esses assuntos. “É nesse sentido que o Projeto vem desenhado. O modelo conceitual com o qual trabalhamos vai de ações voltadas à conservação, ao manejo e restauração de espécies e agroecossistemas, passa pelo processamento dos produtos e pelo acesso ao mercado, às políticas públicas e ao crédito”, explicou Anderson.
O evento seguiu com parceiros e pontos-focais do Projeto apresentando ações desenvolvidas nos últimos anos. Francisco Campello, da Fundação Araripe, explicou que ainda temos 50% de cobertura florestal entre o bioma Caatinga e o Cerrado. “E o manejo desses biomas é simples se comparado ao de outros. E neles nós também temos uma coisa extremamente importante que é a resiliência. É a capacidade de responder com relação a regeneração”, explicou.
Fabricio Bianchi, analista de inovação da Embrapa Semiárido e ponto focal do Bem Diverso, apresentou como é feito o mapeamento agroecológico e a conservação e manejo do Umbu, fruta prioritária de trabalho do Projeto e a principal espécie frutífera e endêmica do bioma Caatinga. “A atividade extrativista do Umbu gera emprego e renda para milhares de famílias. Na safra, estima-se que cada família recebe em torno de três salários mínimos com a coleta do fruto”, contou.
Paola Cortez, da Embrapa Semiárido, falou sobre a inserção dos jovens das comunidades de fundo de pasto. Uma das atividades desenvolvidas pelo Projeto. Ela explicou que o objetivo é instrumentalizar os jovens com ferramentas de diferentes linguagens artísticas para que eles possam elaborar seus próprios materiais didáticos.
“Partimos dos princípios trabalhados nas Escolas Família Agrícola aliados com a pedagogia griô, para que os estudantes usem as narrativas e histórias de suas famílias e da sua comunidade e faça dialogar o conhecimento tradicional e o ancestral com o conhecimento técnico e científico trazido pelo Bem Diverso e pela Embrapa”, explicou a pesquisadora.
Outro parceiro do Projeto, Nelson Mandela da Escola Família Agrícola do Sertão (Efase) apresentou as tecnologias sociais desenvolvidas para extrativismo sustentável do Licuri. “ Quando começamos, uma mulher demorava um dia para quebrar de seis a oito quilos de Licuri, mas desenvolvemos algumas tecnologias alternativas que aumentam sua capacidade para até 35 quilos por dia”. Segundo ele, com isso, o quilo do fruto que custava R$ 1,80 hoje chega a R$ 5 reais.
Em parceria com a Escola Família Agrícola do Sertão, Instituto Federal Baiano, a comunidade e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico proposta (CNPQ), hoje, a região produtora do fruto tem a máquina funcionando em mais de 23 comunidades. “Proporcionando que esse fruto seja trazido pra escola e depois transformado em óleo e ração para os animais”, explicou Nelson Mandela.
Além deles, participaram da Mostra Bem Diverso como expositores Ana Cecília Poloni Rybka (Embrapa Semiárido), João Ávila (Projeto Bem Diverso); André Dutra (Embrapa Agroindústria de Alimentos; Charles Conceição da Costa (ARESOL); Adilson Ribeiro (Central da Caatinga); Luis Carraza (Central do Cerrado); e Ana Kreter (IPEA e Universidade Rhein-Waal, Alemanha).
A 11ª Feira Baiana da Agricultura Familiar vai até domingo (13), com transmissão pelo canal SDR Bahia no Youtube. O evento é uma realização da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e da Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf).