Agroindústrias do semiárido discutem boas práticas de fabricação com a Embrapa

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 Agricultores familiares fortalecem sua organização  para promover o usos sustentavel da biodiversidade e a conservação da Caatinga 

A rica agrobiodiversidade do Sertão do São Francisco, na Bahia,  é a base da economia das famílias da região. Frutos como o umbu, maracujá azedo e licuri são processados em cremes, doces, compotas, licores, conservas, polpas silvestres e até em cervejas. Para isso, os agricultores familiares fortalecem sua organização em cooperativas locais para aprimorar as agroindústrias, promovendo a agregação de valor aos produtos da biodiversidade.

O objetivo é fortalecer a economia das comunidades, buscando novas possibilidades de circulação dos produtos da agricultura familiar em mercados de outras regiões. O desenvolvimento dessa cadeia passa pelo melhoramento da fabricação pelas agroindústrias, implementação de boas práticas de produção, além do acesso na distribuição dos produtos para outros mercados nacionais.

É nesse contexto que técnicos do Projeto Bem Diverso, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e da Embrapa Semiárido (PE) realizaram uma missão ao Território na semana do dia 30 de junho. Numa região de mais de 61 mil km² que reúne 10 municípios baianos, os membros da missão visitaram fábricas e participaram de encontro com cooperados.

Ao identificar os gargalos na produção das comunidades, a Embrapa proporciona a implementação de tecnologias já desenvolvidas ou permite que os técnicos desenvolvam novos mecanismos para o melhoramento dos processos. A assessoria ao desenvolvimento de novos produtos também fez parte da missão. 

“O apoio da Embrapa se dá para que as unidades sejam regularizadas conforme a legislação vigente, os produtores capacitados a partir das boas práticas de fabricação para que o produto alcance mercados nacionais, com mais exigências. Além de apresentarmos as inovações tecnológicas para o setor, apoiamos a geração de novos produtos ou melhoria na formulação dos que já existem para que seja um produto mais saudável possível”, explicou o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Sérgio Cenci.

A primeira visita da missão foi à agroindústria da Cooperativa Agropecuária Familiar de Uauá, Canudos e Curaçá (Coopercuc), em Uauá, onde os técnicos conheceram o processo de fabricação de doces, geleias, sucos a partir do umbu e maracujá. A Coopercuc é formada por 271 cooperados, em sua maioria mulheres, e comercializa seus produtos em mercado nacionais, além de ter tido experiência ao exportar seus produtos para países europeus. Agora, a cooperativa busca desenvolver um mercado de sorvetes e temperos.

Em Monte Santo, a visita foi à Associação Regional dos Grupos Solidários de Geração de Renda (ARESOL), que trabalha em rede de associações e grupos de pequenos agricultores para o desenvolvimento de uma produção autossustentável e de convivência com o semiárido, baseada nos princípios da Economia Popular Solidária.

Essas comunidades desenvolveram, ao longo dos anos, técnicas de convivência com o semiárido, marcado por longos períodos sem chuvas. Essas práticas se configuram no uso e manejo tradicional da Caatinga, diversas formas de armazenamento de água, além de conhecimentos relacionados à fauna e flora que ajudam no incremento alimentar, sobretudo nos períodos mais secos do ano.

Agregação de valor

Com o apoio do Projeto Bem Diverso ocorreu o primeiro "Encontro de Comercialização em Rede de Cooperativas da Agricultura Familiar." Mais de 30 cooperativas estiveram em Juazeiro (BA) para discutir estratégias de comercialização, desenvolvimento e pesquisa; implantação de um Núcleo de Certificação Agroecológica Participativa; aprimoramento da gestão e a agregação de valor aos produtos da biodiversidade no Território do Sertão do São Francisco. Segundo Carlos Castro, consultor do Bem Diverso, o encontro foi uma oportunidade dos produtores apresentarem os entraves nos seus processos de fabricação e definirem, em conjunto com os pesquisadores da Embrapa, um plano de ação para a melhoria de suas práticas, de forma integrada e inovativa.  

Realizado pela Central da Caatinga, o Encontro teve como estratégia fortalecer a economia solidária, buscando novas possibilidades de inserção mercantil dos produtos da agricultura familiar e de interação das cadeias integradas com redes regionais de produção, distribuição e consumo de alimentos. "Precisamos ter esse diálogo mais próximo entre as cooperativas e os parceiros para colocarmos a maior quantidade de produtos no mercado", defendeu o presidente da Central da Caatinga, Adilson Ribeiro.

Lara Aliano/ Agência MOC

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