Promoção de intercâmbio e construção de conhecimento para a inovação e o desenvolvimento sustentável no Marajó (Pará) estão entre as principais conquistas do Centro de Referência em Manejo de Açaizais (Manejaí) ao longo de 2019. As atividades do centro se desenvolvem desde 2016 por meio do Projeto Bem Diverso, executado em parceria entre Embrapa e PNUD, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
A equipe da Embrapa Amazônia Oriental atua no Território da Cidadania (TC) Marajó nos municípios de Breves, Curralinho, Melgaço, São Sebastião da Boa Vista, Cachoeira do Arari, Muaná, Ponta de Pedras, Bagre e Portel. As principais atividades nesses municípios envolvem levantamento sociocomunitário, capacitação de multiplicadores e avaliação de impacto socioambiental, cuja principal tecnologia compartilhada com os multiplicadores locais é o “manejo de mínimo impacto de açaizais nativos”.
“Os processos validados em 2019 visam à organização social e produtiva a partir da capacitação para lideranças e para extrativistas. Essas ações vêm colaborando com a organização da cadeia de açaí manejado para produção e oferta sustentáveis. A organização já vem potencializando a gestão comunitária com melhor participação das associações, promovendo arranjos para oferta de produtos florestais não madeireiros (PFNM) em volume expressivo”, conta César Andrade, assistente da Embrapa Amazônia Oriental.
Só em 2019, a seção paraense da Emater, parceira do Manejaí, elaborou e submeteu 100 projetos do município de Portel (PA) ao Banco da Amazônia. Quarenta e quatro facilitadores foram capacitados para socialização do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos no Marajó, e 404 extrativistas receberam a capacitação para uso da prática sustentável para produção de açaí, conduzida pelos facilitadores. “Do total de extrativistas treinados, 80% já fazem uso da prática de manejo para produção de açaí em pequenas áreas, com projeção de ampliação para este ano”, comemora César.
2020
A nova etapa do Manejaí busca o fortalecimento e a ampliação do processo de extensão e organização da produção nos demais municípios da Mesorregião do Marajó, a partir de novas estruturas do Manejaí: Manejaí Breves, com atuação em Breves, Curralinho e Bagre; Manejaí Muaná, em Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari; além do Manejaí Belém, com atuação nos demais municípios do do Pará, facilitando a reaplicação do modelo para outras áreas do bioma Amazônia.
O objetivo é que as atividades colaborem para o êxito do Projeto Bem Diverso em indicadores como o grau de melhoria das cadeias de produção de espécies para maior valor e acesso ao mercado; número de associações ou cooperativas que mantenham contrato de fornecimento de produtos com o mesmo comprador (público e/ou privado) em um determinado período; aumento do percentual de produtores que acessam financiamento (por exemplo, créditos, doações) para a produção e manejo de PNMF e SAF, sujeito a critérios ambientais; e percentual de aumento na parcela de produtos do Bem Diverso nas rendas familiares.
A viabilização de crédito aos extrativistas também é uma das apostas para 2020. Em ação inédita, Banco da Amazônia, Embrapa, Projeto Bem Diverso e Instituto Conexsus estabeleceram parceria para a formação de ativadores de crédito rural socioambiental para atuação na Amazônia. A proposta, que ampliará o acesso a soluções inovadoras e negócios comunitários terá início em abril de 2020. Segundo o assessor técnico do Bem Diverso, Fernando Moretti, essas parcerias são fundamentais para a sustentabilidade das atividades de manejo e acesso ao crédito, que impactam diretamente no desenvolvimento sustentável da região.
A rede de parceiros que está sendo estruturada pelo Manejaí e Bem Diverso permitirá também a replicação da prática desse centro de referência em outras regiões do Estado do Pará, bem como potencializará a oferta de serviços e a superação de desafios para a produção de PFNM com conservação da biodiversidade, a partir da formação de uma startup.
O Bem Diverso é um projeto da Embrapa em parceria com o PNUD e GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente), e atua no Marajó por meio da Embrapa Amapá e da Embrapa Amazônia Oriental.
Fotos: Edianilha Pereira Ribas e Divulgação TC Marajó