Em uma ação inédita, o Banco da Amazônia, Embrapa, Projeto Bem Diverso e Instituto Conexsus estiveram reunidos nos dias 20, 21 e 22 de novembro, para o estabelecimento de um projeto para formação de ativadores de crédito rural socioambiental para atuação na Amazônia. O projeto vai ampliar o acesso a soluções inovadoras e negócios comunitários por extrativistas que fazem manejo florestal sustentável dentro do bioma.
A reunião foi realizada na sede do Banco da Amazônia, em Belém, PA, onde estiveram presentes representantes do Projeto Bem Diverso, Associação dos Moradores Agroextrativistas do Assentamento Acutipereira (ASMOGA); e de representantes do Centro de Referência em Manejo de Açaizais no Marajó (MANEJAÍ).
Os ativadores de crédito socioambiental serão agentes capacitados que terão como responsabilidade levar o crédito rural do Banco da Amazônia para cadeias de valor da sociobiodiversidade e agricultura sustentável, com orientação técnica e financeira, visando o aumento da produtividade e o controle da inadimplência.
Esses ativadores poderão ser técnicos de nível médio ou superior ligados às Ciências Agrárias, vinculados a cooperativas, associações ou empresas de prestação de serviços, credenciados via edital que será publicado em breve.
“Este recurso será fundamental para garantir a melhoria da produção das comunidades e unidades familiares nesses territórios. É importante lembrar que, diferente do Sul e Sudeste do Brasil, o Norte e Nordeste são as regiões de menor renda per capita e que menos têm acesso a esse direito, já que são muitos os impeditivos. Estamos mudando essa rota para beneficiar quem mais precisa”, comemora Milton Nascimento, consultor do Bem Diverso.
A iniciativa também irá propiciar a melhoria da cadeia de produção do açaí e maior valor e acesso ao mercado, assim como o aumento na parcela de produtos da biodiversidade nas rendas familiares.
“Esse crédito possibilitará a ampliação de áreas de manejo para produção de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), tendo o açaí como carro-chefe”, explica Augusto Cesar Andrade, assistente da Embrapa Amazônia Oriental e um dos pontos focais do Bem Diverso no território.
O Instituto Conexsus e o Banco Amazônia farão a seleção, a capacitação, orientação em serviço e o acompanhamento técnico dos ativadores. A remuneração desses ativadores será proporcional ao número de operações contratadas, com adicional, na forma de um bônus, proporcional à inadimplência.
De acordo com o gerente de Pessoas Físicas do Banco da Amazônia, Misael Moreno, esta iniciativa, além de levar o crédito para as comunidades extrativistas, vai promover a educação financeira e a orientação sobre as boas práticas de produção e de comercialização. “Vamos inaugurar um modelo inédito de concessão de crédito rural. Um modelo nunca utilizado por nenhuma outra instituição financeira na Amazônia, que atenderá principalmente as famílias que sobrevivem do extrativismo sustentável. O modelo beneficiará as comunidades não só com crédito, mas também com emprego e capacitação”.
Para o consultor do Instituto Conexsus, João Guadagnin, este projeto de formação dos ativadores de crédito socioambiental vai mudar a realidade de milhares de famílias do Marajó, levando felicidade, adimplência, desenvolvimento e tecnologia de produção. “Estamos firmando vários compromissos como honestidade, boa seleção, redução da inadimplência, melhoria de condição de vida e educação financeira aos povos extrativistas da região”, comentou.
Parceria
O Banco da Amazônia e a Conexsus assinaram um acordo de cooperação técnica no dia 28/11, em São Paulo-SP, formalizando a criação dos ativadores de crédito e mobilizadores em toda a região Amazônica.
Entre os 11 e 15 de abril de 2020 haverá a capacitação da Conexsus para os facilitadores selecionados, que sairão a campo entre março e abril para elaboração e submissão de projetos de manejo de mínimo impacto de açaizais nativos desenvolvidos no âmbito do Bem Diverso junto ao Manejaí. O Bem Diverso indicará ainda cerca de 40 facilitadores já formados nas oficinas do Manejaí, território Marajó.
“A iniciativa não só melhora a produção, como também leva capacitação, educação financeira e noções de políticas públicas – como direito a água, comercialização da produção familiar para a alimentação escolar, cooperativismo, segurança alimentar e hídrica, além de diversos programas de fomento à agricultura familiar”, explica Nascimento. “Todos serão multiplicadores deste conhecimento e queremos levar essa proposta a todos os territórios onde o Bem Diverso atua”, complementa.
Texto base: Banco da Amazônia | Foto de capa: acervo IEB/Lucas Filho