Três dias de conexões, aprendizados, atualizações e conversas em meio a 80 mil xícaras de cafés servidas, 23 mil visitantes e a estimativa de que tenham sido iniciados negócios em torno de R$ 50 milhões. Esse foi o balanço divulgado pela assessoria de imprensa da Semana Internacional do Café 2019 (SIC), realizada entre os dias 20 e 22 de novembro, no Expominas, em Belo Horizonte (MG).
O Bem Diverso esteve representado no estande dos produtores da Honey Coffe e Capadócia, expondo o café de produtores geraizeros que fazem parte do projeto, produtores de cafés especiais no norte de Minas Gerais (Território Alto Rio Pardo) em um sistema secular, conhecido como "chácaras de café sombreado", que é um Sistema Agroflorestal (SAF) que mescla o plantio do café ao de espécies nativas do Cerrado. “O sistema de chácaras de café existe muito antes do termo SAF ser cunhado, e é de extrema importância para a conservação do meio de vida tradicional do geraizeiro e para a conservação da biodiversidade no Território”, afirma Anderson Sevilha, Coordenador do Bem Diverso e Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
“A participação dos cafeicultores dos Gerais na SIC foi muito proveitosa. Além da troca de experiências com produtores de outras regiões e do conhecimento do mundo dos cafés especiais, os 11 produtores do Território Alto Rio Pardo participaram de um cupping (degustação) onde amostras de suas safras foram provadas por torrefadores e cafeterias nacionais e internacionais. Três lotes foram vendidos a R$ 1.200 a saca, um preço muito acima dos cafés commodities, que estão ao redor de R$ 400”, comemora Sérgio Regina, coordenador estadual de culturas de EMATER MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), parceira do Bem Diverso.
Ronaldo de Almeida, técnico de Campo do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, também avalia a experiência como transformadora: “Uma rede foi estabelecida entre eles e possíveis compradores, o que traz autonomia a esses produtores, que já começam a fazer negócio, sem a necessidade das organizações parceiras estarem intermediando essa negociação”, explica.
Jucélia Oliveira, produtora de café e monitora de pesquisa do Bem Diverso no trabalho de SAFs (Sistemas Agroflorestais) afirma ter sido importante participar da SIC: “Foi muito bom ter a oportunidade de provar desses cafés, conhecer os maquinários, as palestras, teve muita coisa. Enriqueci meu aprendizado, e, como sou bolsista do projeto, que trabalha com o sistema do café sombreado, a experiência foi muito importante”.
A força das Mulheres – As mulheres protagonizaram um cenário diferente este ano. No encontro da IWCA Regional Leadership Summit – América Latina e Caribe da Aliança Internacional das Mulheres do Café do Brasil (IWCA, na sigla em inglês), cerca de 800 cafeicultoras se reuniram para debater o cenário cafeeiro e os desafios para 2020 e nunca estiveram tão em alta como nesta edição da SIC. Foram mulheres de mais de 10 países.
“Foi nosso primeiro ano com muitos negócios iniciados e alguns já fechados em nossa mesa de cupping. Destaco o 9º Encontro de Mulheres, com painéis importantes e grandes nomes do setor, além dos contatos e da premiação a várias de nossas associadas. A Semana Internacional do Café é realmente uma fábrica de oportunidades – esse ano a IWCA Brasil deu um salto importante na comercialização de cafés e na sua visibilidade”, pontua Cíntia Mesquita, presidente da IWCA.