Restauração da vegetação nativa do Cerrado é tema de curso em Brasília

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Agricultores, povos tradicionais, lideranças comunitárias também apresentaram os bons resultados das atividades de restauração em suas comunidades

A luta para a proteção de seus territórios e, sobretudo, das bacias hídricas do Norte de Minas Gerais reúne as comunidades tradicionaisde São Modesto, Catanduva, Brejo, Riacho Dantas e Barreiro em atividades para a restauração da vegetação nativa e recuperação de nascentes. Em parceria entre o Projeto Bem Diverso e o DGM Brasil, através do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-MN), o curso "Restauração da Vegetação Nativa" capacitou agricultores, povos tradicionais, jovens, líderes comunitários e equipe do Bem Diverso no Território de Alto Rio Pardo (MG) de 13 a 15 de fevereiro, em Brasília.

Na programação, além de conteúdo teórico sobre diagnóstico e métodos de restauração, os participantes apresentaram os projetos desenvolvidos por eles em cada comunidade e os seus resultados a partir do projeto DGM Brasil Água dos Gerais para combater o impacto da escassez hídrica e a diminuição dos recursos naturais, que garantem a segurança alimentar e a vida geraizeira. No último dia do curso, os participantes foram a campo conhecer os bons resultados do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD/DF). 

“Com a devastação pelo plantio de eucalipto e pela atuação de grandes empresas mineradoras, estamos recuperando as condições do Cerrado com o cercamento de nascentes, revegetando a partir de sementes na região de chapada e plantando mudas na beira dos córregos”, explicou seu Valdir Silva, da comunidade de São Modesto.  

A partir de mutirões de coleta de sementes e plantio de espécies nativas por meio de semeadura direta é possível reintroduzir todos os estratos do bioma, o que inclui espécies de formação florestal, savânica e campestre. O Cerrado é formado por cerca de 12,5 mil espécies nativas e, para que haja a restauração, é preciso que sejam observadas também a função de cada um desses substratos. Em visita ao herbário da Embrapa Cenargen, os participantes aprenderam que não basta revegetar (plantar alguma espécie) é preciso que cada espécie seja plantada conforme sua formação original, seja por meio de sistemas agroflorestais (SAF) ou de sistemas agrícolas que incorporem também arbustos, ervas e gramíneas. 

Bons resultados

Sete anos sem água e com o abastecimento por caminhão pipa, a comunidade de Catanduva, comemora os resultados das ações de recuperação. “A regeneração da vegetação e a criação das bacias já trazem resultados para o retorno da água”, explica Suely de Oliveira ao relembrar a luta de 15 anos da comunidade até criação da área de conservação Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes Geraizeiras para a conservação do território, em 2014.

Para o coordenador do Projeto Bem Diverso, Anderson Sevilha, a parceria com o DGM Brasil vai além dos resultados apresentados pelas atividades de restauração na RDS. “A partir do curso, em Brasília, proporcionamos uma troca de experiências para que o apoio do DGM possa atingir outras comunidades e outros projetos”, pontuou.  

As comunidades atendidas pelo projeto Água dos Gerais e pelas atividades desenvolvidas em parceria com o Bem Diverso e demais instituições situam-se nos cerca de 38.177 hectares dos municípios de Montezuma, Rio Pardo de Minas e Vargem Grande do Rio Pardo, que compõem a RDS. A área começou a ser delimitada em 2017 de forma a favorecer a proteção e a conservação dos recursos naturais utilizados por mais de 20 comunidades tradicionais que praticam o extrativismo sustentável para segurança alimentar e geração de renda. 

Lara Aliano, Agência MOC

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