A sustentabilidade da produção do açaí é o foco no arquipélago do Marajó

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O Projeto Bem Diverso promove, desde 2016, treinamentos em manejo de mínimo impacto de açaizais nativos

No arquipélago do Marajó, o Projeto Bem Diverso trabalha para a sustentabilidade da cadeia produtiva do açaí. O estado do Pará produz cerca 1,3 milhão de toneladas desse fruto por ano e mais de 90% desse montante tem origem no trabalho da população ribeirinha, que habita os rios da região. Eles praticam o extrativismo do açaí nativo nas áreas de várzea.  

Para dar sustentabilidade ao extrativismo do açaí, a Embrapa e parceiros promovem, desde 2016, treinamentos em manejo de mínimo impacto de açaizais nativos. Essa tecnologia permite aumentar, em até três vezes, a produção de frutos por meio do estabelecimento de uma proporção adequada entre açaizeiros e outras espécies florestais numa mesma área. 

Na expectativa de aumentar a produção, o ribeirinho costuma derrubar outras espécies florestais e deixar apenas os pés de açaí nas áreas onde faz a colheita dos frutos. A medida chega a gerar resultado a curto prazo, mas, passados alguns anos, a supressão da diversidade nas áreas de açaizais resulta na queda da produção de frutos e prejudica o meio ambiente.

"Os açaizeiros precisam que outras árvores com raízes mais profundas tragam os nutrientes das camadas que estão mais abaixo no solo. Por isso, manter a biodiversidade é fundamental", explica o engenheiro florestal José Leite, responsável pelos treinamentos. Nos municípios ao norte do arquipélago, as capacitações são realizadas pela Embrapa Amapá (Território da Cidadania Marajó II), enquanto a parte sul é atendida pela Embrapa Amazônia Oriental (Território da Cidadania Marajó I).

De 2016 a 2018, os treinamentos organizados pela Embrapa Amazônia Oriental capacitaram 1.193 pessoas, entre técnicos e agentes multiplicadores, em diversos municípios. A parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater – PA) e comunidades também levou a tecnologia para 820 ribeirinhos. De forma complementar, foram ministrados cursos sobre criação de abelhas sem ferrão para cerca de 300 pessoas. Esses insetos são polinizadores do açaizeiro e contribuem para a produção de frutos.

Em 2019, serão colhidos os resultados nos locais onde ocorreram treinamentos e foram implantadas parcelas de manejo de mínimo impacto. Além disso, o Projeto apoiará a implantação do Centro de Referência em Manejo de Açaizais Nativos no Marajó, uma estrutura conduzida pelas comunidades com a finalidade de formar multiplicadores. “A ideia é que, após a conclusão do projeto, a socialização desse conhecimento se mantenha”, afirma o pesquisador Raimundo Nonato Teixeira, coordenador das atividades do Projeto na região.  

Saiba mais sobre o Território: https://bit.ly/2GbGL3g.

Vinicius Soares Braga, Embrapa Amazônia Oriental

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