O encontro teve como objetivo debater e sistematizar experiências para definir linhas de ação específicas em SAFs para os seis Territórios da Cidadania (TC) onde atua o Projeto Bem Diverso.
O Projeto Bem Diverso promoveu nos dias 07 e 08 de fevereiro de 2017, na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) em Brasília, uma reunião técnica com foco em iniciativas lideradas pela Embrapa e instituições parceiras na temática de Sistemas Agroflorestais (SAFs). O encontro teve como objetivo debater e sistematizar experiências para definir linhas de ação específicas em SAFs para os seis Territórios da Cidadania (TC) onde atua o Projeto Bem Diverso. A reunião contou com a presença de representantes da Embrapa (Sede, Cenargen, Meio Ambiente, Agropecuária Oeste), PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e ICRAF-Brasil (Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal).
Está previsto no Bem Diverso a implantação de unidades demonstrativas de SAFs nos territórios, que servirão como espaços para a formação de técnicos, para a definição e avaliação de indicadores e para a indicação da necessidade de ajustes em algumas práticas de manejo. O projeto acredita que os SAFs contribuem com a conservação da biodiversidade, aliando produção agrícola sustentável, com segurança alimentar e geração de renda para comunidades tradicionais e pequenos agricultores.
O primeiro dia de debate foi pautado pelas apresentações de pesquisadorores e analistas da Embrapa. Milton Padovan, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, relatou as experiências do Projeto Sarafa (Sistemas agroflorestais biodiversos: produção de alimentos, geração de renda e recuperação ambiental) que atua na região de Dourados (MS). Já o pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho, da Embrapa Meio Ambiente, relatou a atuação da unidade nos projetos ECOSAF, que realiza pesquisas de monitoramento e viabilidade econômica de SAFs em São Paulo e, o Projeto SEISAF que promove a sistematização participativa de experiências e intercâmbio de conhecimentos em SAF voltados à agricultura familiar em regiões da Mata Atlântica no sul e sudeste do Brasil.
Participou também o analista Márcio Armando, do Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT) da Embrapa Sede, que trouxe as lições aprendidas pelo grupo de trabalho responsável por determinar os indicadores técnicos e financeiros para SAF do projeto “Operação Arco Verde” (2005–2011).
No segundo dia do encontro o assessor técnico do Bem Diverso, Marcos Tito, expôs um panorama geral de diversas iniciativas da Embrapa na área de SAFs, destacando indicadores e metodologias utilizadas. Para fomentar o debate sobre indicadores de sustentabilidade de SAFs, o pesquisador Andrew Miccolis, do ICRAF-Brasil, apresentou um método de trabalho adotado pela instituição e parceiros em diversas regiões do Brasil. Parte dos indicadores está citada na publicação “Guia Técnico: Restauração Ecológica com Sistemas Agroflorestais. Como conciliar conservação com produção para o Cerrado e Caatinga”.
Principais desafios para SAFs no Brasil e apontamentos para o Bem Diverso
A partir das experiências apresentadas, os participantes levantaram alguns desafios enfrentados no desenvolvimento de SAFs no Brasil, principalmente quando se trata de implementá-los em larga escala. Para os profissionais presentes ainda existe um grande desconhecimento sobre o potencial dos SAFs em contribuir com o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável, aliada à melhoria da qualidade de vida das populações e à conservação ambiental. Os gargalos apontados já haviam sido identificados por outros especialistas e estão relacionados ao insuficiente apoio de políticas públicas, de assistência técnica adequada, e de acesso a financiamentos e ao mercado.
Tendo em vista os desafios apontados, o grupo sugeriu algumas orientações para a elaboração das estratégias do projeto Bem Diverso em relação à temática. Mencionaram a necessidade da adequação de SAFs às especificidades regionais, levando em consideração as conjunturas socioambientais de cada região. Para tanto, se faz necessário sistematizar ações que já aconteceram ou estão em curso. Logo depois analisá-las e replicá-las, se adequadas. Entre outras ações, o Projeto planeja implementar unidades demonstrativas de SAFs nos Territórios da Cidadania que atua.
O grupo também apontou a necessidade de haver mais capacitações na área de SAFs especialmente para pequenos agricultores, técnicos de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural), estudantes das Escolas Família Agrícola (EFAs) e gestores públicos. Citaram também as ações de intercâmbio como um poderoso instrumento de aprendizado, rápido e dinâmico. A questão da assistência técnica também foi vista como crucial, pois é importante que haja acompanhamento dos projetos a serem implantados.
Como próximos passos, o Projeto Bem Diverso planeja novos encontros sobre SAFs com equipes dos seis Territórios da Cidadania que atua, onde irá reunir técnicos da Embrapa, parceiros, instituições com experiência na temática e agricultores. Da mesma forma, esses encontros vão coletar e sistematizar dados e informações para definição de estratégia de atuação nestes territórios.