No arquipélago do Marajó, o Projeto Bem Diverso trabalha para a sustentabilidade da cadeia produtiva do açaí. O estado do Pará produz cerca 1,3 milhão de toneladas desse fruto por ano e mais de 90% desse montante tem origem no trabalho da população ribeirinha, que habita os rios da região. Eles praticam o extrativismo do açaí nativo nas áreas de várzea.
Para dar sustentabilidade ao extrativismo do açaí, a Embrapa e parceiros promovem, desde 2016, treinamentos em manejo de mínimo impacto de açaizais nativos. Essa tecnologia permite aumentar, em até três vezes, a produção de frutos por meio do estabelecimento de uma proporção adequada entre açaizeiros e outras espécies florestais numa mesma área.
Na expectativa de aumentar a produção, o ribeirinho costuma derrubar outras espécies florestais e deixar apenas os pés de açaí nas áreas onde faz a colheita dos frutos. A medida chega a gerar resultado a curto prazo, mas, passados alguns anos, a supressão da diversidade nas áreas de açaizais resulta na queda da produção de frutos e prejudica o meio ambiente.
"Os açaizeiros precisam que outras árvores com raízes mais profundas tragam os nutrientes das camadas que estão mais abaixo no solo. Por isso, manter a biodiversidade é fundamental", explica o engenheiro florestal José Leite, responsável pelos treinamentos. Nos municípios ao norte do arquipélago, as capacitações são realizadas pela Embrapa Amapá (Território da Cidadania Marajó II), enquanto a parte sul é atendida pela Embrapa Amazônia Oriental (Território da Cidadania Marajó I).